AÇÃO INTEGRADA

Operação Echo desvenda esquema de roubo e falsificação de documentos e veículos em Alagoas; 22 pessoas foram presas

Coletiva de imprensa, na sede da SSP, repassou detalhes da organização e funcionamento do grupo criminoso

Texto de Vanessa Siqueira

A operação integrada, que foi comandada pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), Ministério Público Estadual (MPEAL) e as Polícias Civil e Militar, prendeu integrantes de uma organização criminosa responsável por boa parte dos roubos de veículos no Agreste de Alagoas que vinha ocorrendo nos últimos meses. Ao todo, vinte e duas pessoas foram presas em Alagoas e Pernambuco durante o cumprimento dos mandados de prisão. A ação também apreendeu 80 veículos e 100 aparelhos celulares em posse dos suspeitos. Todos os detalhes foram repassados em coletiva de imprensa, realizada nesta quarta-feira (19), na sede da SSP, no Centro.

O secretário da Segurança Pública, Lima Júnior, destacou o volume de informações e envolvidos nos crimes e também a integração de diversas forças policiais e instituições para conseguir prender os integrantes da organização criminosa. Ele frisou ainda a qualidade das provas técnicas apresentadas, que garantiram as prisões e apreensões.

“Um grande trabalho que envolveu várias instituições e que comprova mais uma vez que a integração entre as forças de segurança dá certo. As investigações começaram no ano passado e conseguimos descobrir também que estes indivíduos são os responsáveis pelo assalto à Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Girau do Ponciano, em 2018, subtraindo da unidade um lote de cédulas usadas nas fraudes identificadas na ação”, afirmou.

O delegado Igor Diego, titular da Delegacia Regional de Arapiraca, explicou durante a coletiva que iniciou uma investigação em setembro do ano passado e prendeu José Ricardo de Holanda Silva. Na ocasião, os policiais apreenderam 26 motocicletas adulteradas em sua residência.

Em dezembro, outras cinco pessoas foram presas durante um flagrante de adulteração de sinal veicular, em Arapiraca, sendo que um dos presos, identificado como Giovanio Prudente de Souza, o “Ureia”, era tido como o maior adulterador de veículos do estado.

“Identificamos que a Polícia Militar, por meio do 3º Batalhão, também investigava pessoas na cidade pelo mesmo crime. Em janeiro decidimos integrar nossas investigações e nos juntarmos ao Gaeco, que possuía informações sobre o mesmo crime na região. Desde então formamos essa força tarefa que culminou com o cumprimento de 135 mandados de busca e de prisão nesta terça-feira (18)”, explicou.

Organização vendia veículos clonados por redes sociais

O trabalho investigativo detectou que o grupo atuava em Alagoas e em cidades do Agreste de Pernambuco. Eles promoviam roubos de veículos e documentos para facilitar a adulteração. Outro ponto que chamou a atenção da força tarefa foi a organização interna e o modo de comercializar os produtos irregulares.

“Tinham pessoas para executar funções específicas dentro da organização, como falsificadores de documentos, adulteradores e gerentes. Eles também roubavam cédulas em branco das Ciretrans de Alagoas e Pernambuco para falsificar documentos. Essa ação ocorria simultaneamente à adulteração dos veículos”, explicou o delegado Igor.

Após a fase de clonagem de veículos, eles eram comercializados por meio de aplicativos de venda e de troca de mensagens e até pelas redes sociais. Os integrantes da organização também utilizavam as redes sociais para criar grupos com o objetivo de serem avisados dos pontos de bloqueios policiais, para que conseguissem evitar as abordagens durante os roubos, explicou o delegado.

O promotor Hamilton Carneiro, integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual (MPE/AL), frisou que o trabalho realizado de forma integrada conseguiu com sucesso desarticular uma organização criminosa responsável por vários roubos e que causou prejuízos em dois estados.

“A união de esforços potencializou a investigação, que desbaratou por inteiro uma organização criminosa que já era conhecida da polícia. Tivemos apoio importantíssimo da 11ª Promotoria de Arapiraca, que possuía um relatório de inteligência sobre a organização, e também do Gaeco de Pernambuco, que nos auxiliou com suporte processual, garantindo o cumprimento dos mandados em tempo oportuno”, disse.

Prisões e apreensões

Ao todo, foram cumpridos na última terça-feira (18), 101 mandados de busca e apreensão em Maceió, Arapiraca, Delmiro Gouveia e nas cidades pernambucanas de Itati, Águas Belas e Garanhuns. As equipes também deram cumprimento a 34 mandados de prisão.

Foram apreendidos 37 carros, 43 motocicletas, 100 celulares e cinco armas de fogo. Foram presos 22 pessoas e outros dois envolvidos, identificados como João Leilson dos Santos, e Lourival Ferreira Filho, receberam as equipes policiais a tiros. Os militares reagiram à agressão e os suspeitos acabaram feridos e morreram antes de receber atendimento médico.

Os presos foram identificados como Paulo Vítor Silva Santos; José Ricardo de Holanda Silva; Luís Fernando Alves Rodrigues; Giovanio Prudente de Souza; João José da Costa; Dirceu José de França; Felipe Silva Santos; José Pedro Afonso Nogueira; Cleyton dos Santos Silva; Álvaro Jean Farias Melo; Edvan Francisco da Silva; Fabiano Oliveira da Silva; Flávio Alves Sobrinho; Adriano Porfírio Santos Silva; José Aparecido da Silva; Lucas Guimarães de Lima; Marcelo José da Silva; Ricardo Bezerra Alves; Gilvânia de Vasconcelos Silva; Vinícius Eduardo da Silva e Wanderson Bezerra dos Santos.

Efetivo mobilizado

Devido ao volume de mandados a serem cumpridos de forma simultânea, a operação mobilizou cerca de 150 viaturas das forças de segurança de Alagoas e Pernambuco. Desta forma, foram empregados militares dos Batalhões de Operações Especiais (Bope), Radiopatrulha (BPRp), Rodoviário (BPRv), Batalhão de Guardas (BPDG), 1º, 3º, 4º, 5º, 7º, 8º, 9º e 10º Batalhões, além das 1ª, 2ª e 3ª Companhias Independentes de Polícia. Já a Polícia Civil alagoana empregou agentes das Delegacias de Repressão ao Narcotráfico (DNARC), da Regional, (4º DP), e da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Arapiraca.

Também participaram o Grupamento Aéreo da SSP, o Departamento Estadual de Trânsito (Detran/AL); Instituto de Criminalística (IC), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria de Ressocialização e Inclusão Social (Serie), e a Polícia Militar de Pernambuco.