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Polícia Militar promove cidadania e inclusão com Centauro Mirim

Projeto social oferece aulas de equitação a crianças e adolescentes em Arapiraca

Fernanda Alves/Ascom PM-AL

Os Centauros são criaturas mitológicas da Grécia antiga, que representam a fusão entre o homem e o cavalo. Sua parte superior é humana, com o tronco, a cabeça e os braços, enquanto a inferior é de cavalo. Eles simbolizam a união entre o instinto selvagem e a racionalidade humana.

Na Cavalaria, o termo é utilizado para designar o binômio homem + cavalo, conceito que permeia o policiamento montado da Polícia Militar de Alagoas (PM-AL). Contudo, em Arapiraca, no Agreste alagoano, a palavra ganhou um sufixo e, com ele, um novo significado, transformando-se em sinônimo de cidadania e inclusão. Assim nasceu o Projeto Centauro Mirim, iniciado em julho deste ano.

Desde então, as manhãs de terça-feira e, ocasionalmente de quintas e sextas, têm sido um momento especial na rotina de crianças e adolescentes, nas dependências do 3º Batalhão de Polícia Militar. Atualmente, há 16 aprendizes, com idades entre 10 e 14 anos. O objetivo é transmitir aos mais jovens valores como respeito, disciplina e o vínculo entre homem e animal, através do aprendizado da equitação e do trato com os cavalos.

Carrière

No original em francês, o termo carrière traduz-se literalmente como “carreira”. Contudo, no contexto da Cavalaria, é utilizado para designar uma disciplina que envolve volteios a cavalo, visando proporcionar ao cavaleiro maior confiança e coragem. Independentemente da conotação, a expressão se encaixa bem ao projeto, que é considerado um desdobramento, uma espécie de “irmão mais novo” de outra iniciativa bem-sucedida no 3º Batalhão de Polícia Militar (BPM), sediado em Arapiraca.

Há 14 anos, o Pelotão Mirim atende turmas compostas por crianças e adolescentes vindos de famílias de baixa renda. Ao longo de aproximadamente 10 meses, todos têm a oportunidade de aprender sobre cidadania, hierarquia, convivência em grupo, disciplina, segurança, saúde, higiene e prevenção ao uso de drogas, tudo isso complementado por atividades esportivas. As atividades ocorrem no contraturno escolar, dentro das instalações da unidade operacional.

O Pelotão Mirim se consolidou como uma valiosa ferramenta de transformação e inclusão social. Fardados, os participantes aprendem importantes lições sobre comportamentos saudáveis, segurança, higiene, saúde, relações interpessoais, prevenção de incêndios, resistência às drogas, combate ao assédio de gangues, além de aulas de educação física, libras, reforço escolar, ordem unida, cidadania, ética e civismo, trânsito, meio ambiente e participação em eventos.

“Estamos unindo esta iniciativa, trazendo crianças que já fazem parte de outro projeto, o Pelotão Mirim. A ideia inicial foi incorporar a Cavalaria à grade curricular deles, proporcionando um primeiro contato com os animais de forma mais lúdica. No entanto, após o primeiro contato, ficou evidente o quanto as crianças desejavam montar. Assim, no decorrer do projeto, além de interagirem fisicamente com os equinos por meio das diversas disciplinas, as atividades foram evoluindo, e os alunos avançaram para as aulas de equitação”, quem explica essa evolução com grande propriedade é uma das idealizadoras do projeto, exímia amazona Simone Melo, a sargento S. Melo.

“Hoje nós estamos com um currículo que envolve equitação, carrière, trato em encilhagem, condução e contenção de equinos e ordem unida, por exemplo. Todos os dias, a partir das oito da manhã até às dez e cinquenta, estamos em atividade”, completou a militar. A sargento S. Melo faz parte de uma equipe dedicada ao sucesso do projeto.

Quem apresenta o time é o comandante da Cavalaria no 3º BPM, tenente Murilo Gonçalves. Ele destaca os cabos Yan Max e Geraldo Neto, além da sargento, como cumpridores da missão com verdadeira paixão e maestria. O trio de centauros, detentores do Curso de Policiamento Montado, se une ainda à sargento Jacqueline Praxedes, considerada o esteio do Pelotão Mirim desde sua criação, em 2010.

“O Centauro Mirim surgiu de uma conversa entre nós, aqui na Polícia Militar. Chegamos à conclusão de que seria muito importante elaborar uma forma de levar nossa doutrina para as crianças do Pelotão Mirim. Prontamente, os três centauros do 3º Batalhão abraçaram esse excelente projeto”, destacou o tenente Murilo.

“Chegamos à conclusão de que seria muito importante criar esse projeto como forma de levar nossa doutrina para as crianças do Pelotão Mirim. Hoje, colhemos os primeiros frutos, vendo nossas crianças já iniciando os esportes equestres e elevando o nome do policiamento montado da Cavalaria no interior de Alagoas”, explicou o oficial, enquanto se prepara para uma temporada de aprimoramento junto à Escola de Equitação do Exército no Rio de Janeiro, com início em janeiro. Quando retornar, em novembro de 2025, será o primeiro Espora de Ouro do Agreste, conhecimento que deverá ser compartilhado para o desenvolvimento da própria Cavalaria e da ação social.

A passos firmes

Apesar de se tratar de uma ação social recente, a colheita de conquistas só aumenta. Entre os principais ganhos, segundo a coordenação, tem sido testemunhar a segurança e o dinamismo entre os 16 alunos e os animais. Alguns participantes apresentavam total aversão ao contato físico e social, mas muitas barreiras foram e seguem sendo vencidas. E os benefícios vão além: os alunos, tanto os que estavam acima do peso quanto os mais magrinhos, passaram a ter mais cuidado com a alimentação e buscam melhorar fisicamente. Assim, além dos ganhos físicos, o cavalo contribui de forma significativa para o bem-estar mental da criançada.

É ao amigo cavalo que a instrutora atribui o maior crédito: “O cavalo é um grande mestre, e não falo apenas do porte físico. A grandeza do animal vai além do tamanho. Cavalgar é libertador. Ensina a amar de uma maneira diferente e a enxergar as coisas de um novo modo”, refletiu a sargento, enquanto sonha em ver seus meninos e meninas, quem sabe, alcançando novos horizontes na vida e nos esportes equestres.

Já o comandante do 3º BPM, tenente-coronel Nilton Rocha, prevê resultados também a longo prazo: “As oportunidades oferecidas aqui certamente irão moldar indivíduos melhores. Estamos preparando essas crianças para, ao chegarem à idade adulta, trazerem consigo uma mentalidade transformada, uma educação sólida e a determinação de vencer na vida, de maneira honesta”.

Entre os que se destacam nas atividades, está o adolescente Adriano Cavalcante. Aos 15 anos, ele já demonstra uma crescente familiaridade e um notável aprimoramento. A evolução é evidente. Postura, manejo e até manobras complexas são executadas com habilidade e segurança. Além de ser o mais alto entre os cinco corajosos que posam na foto, de pé sobre o cavalo, é dele também o sorriso mais amplo. “Antes desses meses aqui, ninguém sabia montar; agora, todos estão montando e aprendemos a trabalhar tanto individualmente quanto no coletivo”, comemora Cavalcante em nome dos 16 centauros mirins.